quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Divagações sobre a grande sinfonia, sobre a grande narrativa... Esta grande obra que nomeamos de 'A vida'...

O maestro é talvez o melhor exemplo da figura de um líder, e a orquestra, o melhor exemplo de pacto entre “líder” e “liderado”. A melhor liderança é aquela na qual os “liderados” escolhem voluntariamente aquele que irá os liderar. Não uma autoridade, e sim um guia ou um organizador. Assim é o maestro. Uma figura que não é necessária, mas uma figura cuja a presença é extremamente desejável. Não necessária, pois o concerto ocorre sem o mesmo. E desejável, para que o concerto não se torne uma lastima de qualidade lamentável. É preciso uma figura para que o concerto – a harmonia, o equilíbrio, o ritmo – se tornem mais consistentes. E quanto melhor o maestro, melhores são as chances de que o concerto flua com excelência.

Assim é a mente. Assim somos nós. A arte imita a vida e de vida e feita a arte. O mastro é a consciência, quem rege este grande concerto que chamamos de nossa vida. Os músicos da orquestra são as emoções, a força motriz do ser humano. Sem emoção não há motivação. Isto é expresso até mesmo na raiz da palavra, que é movimento, do latim emovere. Tudo reside entre a dor e o prazer. Todas as decisões são pautadas neste critério. Sem os músicos não há quem toque o concerto. Sobra apenas o maestro. Regendo o que, afinal?

Um maestro demasiadamente rigoroso destrói a intuição, a criatividade, e todo aquele entusiasmo que rodeia a música. A falta total de rigor causa pensamentos de direção. Avulsos e sem significado. É preciso a intervenção da disciplina da lógica para que se organizem, e para direcionar as forças do impulso criativo. A virtude, como se espera, reside no meio. No equilíbrio! Quando razão e emoção, consciência e instinto, seguem juntos em harmonia.

A fusão perfeita dos dois é somente ideal. Somente uma utopia, que sempre sedutora, nos conquista, e nos faz a seguir. Na pratica, o conflito entre duas forças sempre ocorrerá, do contrário, o movimento se acaba em um eterno repouso. Quando a soma dessas forças é igual a zero. Quando ocorre o verdadeiro equilíbrio, que permanece desta forma até que um novo conflito ocorra para colocar movimento às coisas novamente. Mas a pergunta que fica no ar é, afinal, o que reside no meio entre o equilíbrio e o conflito?

Para fins mais práticos, o que sabedoria humana nos diz é, somente que, é necessário um outono para que se troquem suas folhas, para que se permitir mudar. Uma primavera para colher os frutos. Um inverno melancólico para refletir. Um verão para aproveitar. São as estações dessa vida cheia de altos e baixos, como as cadencias maiores e menores de uma sinfonia, e como a estrutura de três atos da uma narrativa. Assim é a vida. Assim somos nós. Não importa o que ocorre com sua vida, o que importa é o que você faz com o que acontece. Tanto o trecho mais triste e melancólico, tanto o trecho alegre e entusiasmado de uma sinfonia. Não importa. São belos e cativantes quando bem regidos pela figura do maestro.

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