domingo, 21 de dezembro de 2014

Divagando sobre a morte...


Para onde vamos quando morremos? Será o despertar? A resposta se esconde. Tolamente, nós a procuramos. E toda vez que nos perguntamos se é possível ao menos isso saber, recebemos um “Jamais!” sem mais palavras. Simples e direto. Perturbador. Porém não se pensa sobre a morte em meio à selva. É preciso sobreviver. E com essa desculpa a mente se perde em meia a dança do cotidiano. Deixa-se levar... Se permite o fazer... Pois além da vida, há a vivência. O aproveitar da viagem. Não se vive se somente sobrevive. A maravilhosa dança da vida... Passa... Toda valsa tem seu fim... O momento se esvai, o vento o espalha, um passo para onde? Para a eternidade será?

Se de matéria já sou eu. Se de matéria o mundo é. Que matéria tornar-se é a questão. O cosmos não sentirá minha falta. Nele nada se perde. É sempre ele mesmo, e sua essência de mudanças. Seu equilíbrio reina. E o Eu nisso tudo? Não há. Não me perderei em mim mesmo, permitir-me-ei dançar com a vida, e aceitarei seu final. Não sentirei minha falta, perderei o ego e me juntarei ao mundo longe do “mim”. Sem consciência, me desfaço em natureza. Viro gás e restos. E os vermes a se alimentarem do já não “eu”. A dança continua...

Em meio ao jardim, folhas putrefatas cobrem o chão. Mortes silenciosas. O tempo vai e vem, e nestas idas e vindas, levando e trazendo vidas consigo. É o encarregado do renovar, e ao seu relativo ritmo trabalha. Leva à montanha erosões, caminhos por onde rios correrão... Entusiasmados...  Alegres... Secarão quando o tiver de fazer, deixarão sua marca. Sulcos no chão, na face da terra, no semblante do jovem...  O novo se torna velho, o velho se funde ao novo. Renascem em meio às eras, as diversas eras que deveras acabarão. Em montes, e montes, e montes... O que resta, então? O infinito?

Alguns acreditam em vida após a morte. Os que não, lutam. Lutam para que um pensamento que seja, um pequeno pedaço da passagem ecoe e prolongue a consciência após seu fim. As palavras... Estas parecem sempre durar. E se o corpo jaz inócuo em meio à natureza, os pensamentos expressos hão de durar. Antigas ideias chegam a todo o momento, deterioradas, modificadas, inteiras ou fragmentadas, mas chegam. E que suspiro daria o ser que esta ideia mostrou ao mundo, se soubesse o quão longe iria sua intangível palavra. Ecoando e ecoando, jogada ao ar.

Resta a quem precisa, o consolo fornecido pela arte. Esta maravilhosa fonte de entusiasmo. Jogo as palavras ao ar, sei que não é muito, mas é tudo. Deixar-me-ei levar quando for. Mergulharei no agora e nele acordarei. Não mais somente ego. Mas o todo. Medo da morte é somente narcisismo e egocentrismo. Medo de se tornar o que já foi antes do nascimento. Nada separa o agora da morte. O acaso é quem nos guarda.

Memento Mori e Carpe Diem.


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Divagando sobre o tempo...

Tempo...Tempo esse que me espera com toda a paciência que lhe provem, pois acredita cegamente em sua eminencia, tempo esse, que não perdoa e chega na mesma medida para todos. Há aqueles que divagam sobre a sua relatividade, essa mesma que é relativa a aquele que a enxergar e tenta transcende-la. Tempo, esse que nos vê nascer e perecer, crescer e viver, tanto aprender a ler quanto a escrever.

Não se olha o tempo e o vê passar, mas sim, se vê com o seu passar de si mesmo, isso porquê ele é perceptível a aquilo que ele mesmo o marca, tanto na carne quanto na pedra, em nossas memórias se fixam tudo o que ele deixou se fixar, pois com o seu passar isso se esvai e com o seu andar esse local a pouco tempo vazio se preenche.  Memórias lucidas que por estarem lá foram vividas e que por muitas vezes são esquecidas por falta de vida...

O tempo não cura todas feridas, ele simplesmente as fazem se durar mais, cabe a cada um olhar para trás e ver todo o tempo que passou e tudo aquilo que deve ser feito por ali em diante, tendo como seu objetivo mudar e com o passar desse tempo, conseguir manter memórias para ver que uma metamorfose foi feita, essa que não se restringe ao corpo, sua fisionomia sendo mais especificamente, mas sim, ao seu pensar e agir, a sua teoria e sua pratica a sua diferença e o seu ser.

Mudamos com o tempo porque o tempo nos muda, mas de forma alguma esse se deixa mudar em si, pois sua neutralidade deve ser mantida para que outros tenham o mesmo direito de um dia mudar. Nosso tempo em vida é de um todo curto, por muitas vezes ter uma intensidade ou curta ou direcionada em coisas não duradouras, dar valor ao seu tempo é dar valor a si mesmo e ao próximo, tendo em vista que hoje você tem tempo, simplesmente porque se foi investido tempo em você.

O tempo nos tira pessoas ou coisas vinculadas a sentimentos muitas vezes não na mesma medida do que nos da, mas claro fique que nada é eterno e que temos que ter a consciente que em certas horas tudo se perde, mas que também se renova e se transforma, dando não na mesma medida do que lhe foi tirado, mas do que nos importa a quantificação de coisas abstratas, o que realmente nos importa é a qualidade.

Enquanto houver pessoas haverá tempo e enquanto houver tempo haverá pessoas para escrever sobre.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Divagando sobre as divagações..

Divagações... A palavra jogada ao ar, que paira almejando conectar-se a outra. Palavras avulsas se fundindo e fundindo a formar frases. Frases e frases associando-se em busca de formar um sentido. E o sentido? Sai em busca de um ouvido que o absorva, ou mesmo um pedaço de papel que esteja disponível a captá-lo sem delongas. Tudo isso, para que não morra, ou se perca no caos da mente que o criou. Fuga do temido limbo do esquecimento, pois o que é uma ideia esquecida?

Um gênio é um gênio em si, pois em algum momento de sua breve passagem pela existência humana se pôs a expressar suas ideias, que em casos, foram as mesmas apedrejadas e motivo de repúdio. Eram deveras evoluídas em contraste a sua época, e mesmo no caso das mais elevadas ideias, é preciso gente que a escute, mesmo nos casos em que este ouvinte é um pedaço de papel.

Imagine se Einstein, Newton, Da Vinci, tivessem permanecido em silêncio durante suas vidas, e não tivessem revolucionado a ciência e o mundo com suas poderosas ideias?  Há quem diga que mesmo se não fossem eles, outros dariam conta de achar as mesmas ideias, pois ciência é descoberta e a procura das leis que se escondem pelas entrelinhas da Mãe Natureza, e o que um não achou outro há de, em outros tempos, achar. Para uma pergunta, porém, não se pode fechar os ouvidos. Quando seriam estes outros tempos?  O quanto o exponencial curso da evolução das ideias poderia ser afetado e atrasado?

E se na ciência há a possibilidade, mesmo que remota, de descobertas que outros não expressaram, na arte, esta possibilidade é nula. E se, agora, Mozart não tivesse composto suas grandiosas sinfonias, ou Shakespeare escrito seus livros? Ninguém mais o faria. Pois a arte, diferente da ciência, é uma expressão da alma, e as obras, o espelho do artista e sua psique. E como todo ser humano, como todos sabem, é único... Cada um universo em si. Todos cheios de ideias, loucamente a desejar fugir da mente.

Não permita que suas ideias caiam no limbo do esquecimento. Divague-as. Coloque-as a prova. Debata. Escute ideias opostas. São enriquecedoras. A antítese. O que resta para a uma síntese. Junte-se com outros divagadores nas explorações pelos confins da existência. E lembre-se. Um breve comentário pode ser a última peça num montagem duma ideia revolucionária.

Divagando sobre.. Divagar!


O que dizer ou deixar de dizer, é uma questão de querer e entender o porquê algo deve ser dito. Divagar conhecimento é construir pensamentos que podem se transformar em uma cultura, essa mesma cultura que entre muitos podem se tornar uma ideologia a ser seguida e por obrigatoriedade ser revolucionada de forma gradativa. Mas ainda assim, muito mais simples do que isso seria a forma de divagar como uma forma terapêutica de exposição de princípios e alivio psicológico ou ainda assim, exposição de um pensamento subjetivo com o intuito de compartilhar ideais e até mesmo um estilo de vida a se seguir.

Conseguir se expressar de uma forma linguística pode não ser simples, conseguir expressar utilizando as palavras o que os sentimentos estão falando, demonstrar com palavras o que uma musica instrumental  consegue fazer com os sentimentos ou até mesmo conseguir descrever uma imagem abstrata da mesma forma que uma dança ou até mesmo simplesmente movimentos aleatórios regidos pelo própria alma.


Essa linguagem da alma que vem das mais puras emoções que se transformam em sentimentos que para muitos pode ser até um sonho, em meio a tanta razão e ressentimento  que por muitas vezes pode não ser descrita, pode ser algo somente sentido, mas de certo é, que vale a pena divagar sobre essa sensação, tentar transmitir o inominável com palavras que podem ter um aspecto  ou até mesmo sentido algum, mas pode ser a forma mais simples e pura de demonstrar algo que nem mesmo o mais sábio dos homens poderia expressar se não fossem por palavras alheias que por muitas vezes parecem não ter caminho algum, mas isso somente porque o objetivo delas não são encontrar seus ouvidos, mas sim algo mais metafisico que isso, algo que pediria da forma mais humilde possível para serem aceitas pelo receptor que por muitas vezes de forma descompromissada esta lendo um texto alheio com o titulo de divagações.