É inevitável, e acontece com todos. A ela, a ele. Ao pobre,
ao rico. Aos oriundos das mais diversas regiões do vasto planeta. Aos membros
das mais diversas culturas. Chegará a mim, e a todos aqueles a minha volta. A
todos a quem tenho amizade. A todos com quem tenho parentesco. E, sim, não se
esqueça, há de chegar também a ti. Basta estar vivo. Quando menos pensar,
acontece. Da mesma forma que a morte não se pode evitar.
O amor... Há corações frágeis que nem o nome suporta. Corações
cheios de feridas costuradas. E que tantas são estas! E há quem parece não
aprender, e se põe a mergulhar no precipício da loucura novamente. Se entregam
a sua luz e correrem cegos contra o farol. Correm cegos... Mergulham neste
vasto mar de emoções. Alguns, para nunca mais voltarem. Estes afogaram-se. Os
que saem dirão que neste mar não nadam mais. Porém, logo se percebem prestes a
pular, e lá estão eles perdidos novamente nos mares amor. É inevitável. Mesmo
para aquele que se considera o mais racional dos seres. Este, que por estupidez,
se vê numa situação de angústia, por não conseguir se controlar. E é punido por
sua falta de humildade, em considerar seu intelecto é superior as forças da
natureza.
O amor é castigo. O amor é solidão. O amor é saudade. O amor
é ilusão. É bonito e feio. Triste, amargo, doce e suave. É grande... Enorme. E não há
grandeza que meça. Há quem diga até que ultrapassa as fronteiras do cosmos. Que
se expande ao mais oculto lugar. Que envolve os céus, os infernos. Tudo que for
matéria, tudo que for inato. Tudo. Um grande sentimento pequeno limitado a um
indivíduo. Que é em si um universo e tem sua grandeza, mas não é o cosmos. O
amor não é infinito. O amor é isso e todas as metáforas. Confunde a todos com
sua natureza peculiar. É isso, aquilo, os afins e tudo mais.
Hoje venho trazer as boas novas sobre este sentimento de
demasiada forte personalidade, algo que, me parece, esqueceram de dizer sobre
ele. Esqueceram-se que o mesmo não é amargo. Tampouco doce. Que não machuca,
nem vivifica. Que ele em si não nada. Ele é somente ele mesmo. Este estado que
tem esta peculiar característica de amplificar as ondas sonoras que envolvem a
alma, tornando-a mais aberta a valsa das emoções.
Se meu amor fosse alguém certamente tocaria piano, pois
encantou-me com as mais belas melodias em seus movimentos. E seus olhares
brilhantes, me envolveram num contraponto e me pôs a dançar sobre seu ritmo. E
se é pianista... Bem podia ser humorista, que fez de minha vida uma piada
temporária, e alegrou tanto a minha alma.
Um sentir, uma aura, que repleto de flores se envolve em seu
lar, que entra sem a devida permissão, que te seduz ao poucos. E quando menos se
percebe está morando junto a ti. Quando menos se percebe se põe a desejar este
inquilino. Quando menos se percebe não quer deixa-lo ir embora. E embora ocorram
brigas e rusgas, de socos, chutes e joelhadas, e o inquilino amor queira
demonstrar um adeus dando as costas e saindo pela porta, saudade o atinge e o
mesmo volta, e é recebido com um abraço. Mas tem mesmo uma personalidade forte,
e não demora muito, ocorre outra briga. De brigas e abraços, passam-se os dias,
e da mesma forma que entrou, discreto, vai embora sem se despedir, sem dar
aviso de quando volta, talvez vá morar com outro alguém. Não importa, se
importar, é magoa de semanas, e no máximo meses. Ficam então, somente as marcas
de sua estadia. Isso sempre fica! Sem memória não há aprendizado. E o fim? Há
de ser mostrar um novo começo. Uma nova possibilidade.
Ciclo... Vida... Ciclo mais vida. Este casal que se ama e
que eternamente dança, apesar dos ocasionais romances extras entre o ciclo e a
morte, esta amante a quem ele não resiste. Trocas e trocas... Movimentos...
É inevitável. E da mesma forma que a morte, é uma prova de
humildade, e hão de inventar algum dia um lema do tipo Memento Amori. Pois, coloca
todos no mesmo nível. Não adianta controlar, pois chega a todos, e quando quer.
Há certas coisas que acontecerão não importa o que faça. Com estas, o que
importa não é coisas em si, mas sim o que fará com ela.
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